Trabalho neste serviço há um ano e quatro meses. Têm-me acontecido situações caricatas sem dúvida, outras menos felizes mas que implicam um peso monstro no meu crescimento pessoal e profissional. É um peso quase cruel, às vezes.
Esta experiência marcou-me muito, ainda hoje me faz pensar e já lá vão uns mesitos...
Aconteceu-me a mim (ou para mim já não sei) e a uma colega, duas das muitas novatas, por assim dizer e ela ainda estava no serviço há menos tempo do que eu.
Encontrei-a encostada à porta do gabinete de pediatria com uma cara que eu não lhe conhecia. Parecia transtornada. Perguntei-lhe o que se estava a passar e eis quando ela me diz que tinha acabado de chegar uma senhora com o respectivo bebé. Ela preparava-se para ajudar a mãe a pôr o bebé a mamar quando a senhora lhe diz que não porque o bebé ia para adopção.
Ela tinha acabado de tirar o bebé de ao pé da mãe e ali estava parada!!!
Fiquei com o coração pequenininho e um nó na garganta. Agarrámo-nos as duas à bebé e só pedimos ao anjinho da guarda dela que a protegesse. Inconscientemente, canalizámos toda a nossa energia positiva para lhe desejar a maior sorte do mundo e, por instantes, ficámos ali a adorar aquela princesa. As lágrimas a quererem saltar dos olhos e uma angústia que cada vez me encolhia mais o coração. Só me apetecia trazê-la comigo!
Não julgo ninguém! Não é essa a minha função, ninguém me dá esse direito e não o posso fazer mas desejo com as mais profundas forças do meu ser que esta menina já tenha tido a sorte de encontrar uns pais que lhe possam dar tudo o que lhe foi negado à nascença.
Acredito que há males que vêm por bem. E apesar de tudo, admiro a coragem desta mãe que soube reconhecer as suas limitações.
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